E-newsletter semanal para o setor do vestuário de Nova Friburgo e Região - Edição 15.2025

NFR'25 RETAIL'S BIG SHOW - 2º Dia

Acompanhe um pouco do que aconteceu no segundo dia de palestras no evento:
Beleza com propósito: conheça a trajetória da PATTERN Beauty
O segundo dia da NRF 2025 teve início com Tracee Ellis Ross, atriz, produtora e fundadora da PATTERN Beauty, compartilhando sua jornada de Hollywood ao empreendedorismo. Durante a conversa com Sheena Butler-Young, da The Business of Fashion, Ross abordou temas como representatividade, propósito e o impacto de sua marca no mercado de beleza.
Principais pontos da palestra:
Marcas de celebridade: autenticidade e desafios
• Ross refutou o rótulo de “marca de celebridade”, destacando que PATTERN Beauty foi construída com intencionalidade e propósito, e não como um projeto paralelo.
• Ela ressaltou que muitas marcas de celebridade enfrentam preconceitos porque o público questiona se o envolvimento do fundador é real.
• “PATTERN Beauty é uma marca de beleza, não uma marca de celebridade. O fato de eu ser uma atriz não define a minha capacidade de liderar um negócio”, afirmou Ross, reforçando que a marca nasceu de uma necessidade genuína e de sua conexão com a comunidade que busca atender.
Mercado de cabelos crespos e cacheados: um “nicho” vasto
• Ross desafiou a narrativa de que cabelos cacheados e crespos são um nicho de mercado:
• Entre 65% e 75% da população global possui cabelos texturizados.
• O mercado americano de produtos para cabelos cacheados movimenta mais de 31 bilhões de dólares anualmente.
• Para ela, considerar esse mercado como um nicho reflete ignorância e subestimação do potencial financeiro e cultural.
• “Não estamos resolvendo um problema; estamos celebrando quem somos e promovendo amor-próprio através de nossos cabelos”, disse Ross ao descrever a filosofia da PATTERN Beauty.
Desenvolvimento de produtos (PD): intencionalidade e inovação
• Ross explicou que o desenvolvimento de produtos na PATTERN Beauty combina escuta ativa da comunidade e decisões estratégicas baseadas no propósito da marca.
• Processo de PD:
• O time de desenvolvimento (PD) pesquisa o mercado e identifica lacunas, principalmente no segmento de cabelos cacheados e crespos.
• Testes rigorosos são realizados internamente e com consumidores para garantir eficácia, segurança e qualidade.
• O foco central é oferecer hidratação e nutrição, mantendo os produtos livres de componentes prejudiciais.
Estratégias de crescimento e propósito
• A escolha da Ulta Beauty como primeiro parceiro de varejo foi essencial para alcançar escalabilidade e acessibilidade.
• PATTERN Beauty já possui um time dedicado de 50 funcionários, com planos de expansão para além do segmento capilar, alinhados ao propósito da marca.
• Ross destacou a importância de construir negócios baseados em propósito e não apenas em lucro, afirmando que isso cria oportunidades sustentáveis de crescimento.
Mensagem final
• A trajetória da PATTERN Beauty demonstra como uma marca pode redefinir o mercado de beleza ao combinar propósito, representatividade e inovação.
• Ross encerrou a palestra reforçando o impacto positivo de uma abordagem centrada no cliente e na comunidade:
• “Quando você constrói uma empresa em torno de um propósito, sempre há espaço para crescer.”


Revitalizando o varejo: A loja como um novo hub de experiências com LEGO e IKEA
Na palestra liderada por Martin Urrutia (LEGO) e Javier Quiñones (IKEA), foi explorado como as lojas físicas estão se reinventando para oferecer experiências significativas e atender às novas expectativas dos consumidores, enquanto se mantêm como centros estratégicos das marcas.
Principais pontos da palestra:
O papel transformador das lojas físicas
• As lojas se tornaram muito mais que pontos de venda – hoje são canais de mídia, centros de experiência e hubs de serviços.
• Expectativas crescentes: os consumidores esperam encontrar experiências memoráveis nas lojas. Se não forem relevantes, elas fecham.
• Para IKEA, as lojas são o “centro do show”, representando os valores e a visão da marca.
Integração física e digital
• O desafio é oferecer uma experiência omnicanal única, fluida e relevante, como no modelo do Kindle, em que a experiência continua de um dispositivo para outro.
• 85% dos clientes da IKEA começam suas jornadas online, mas a loja física ainda é essencial para dar vida à marca.
Reinvenção contínua das lojas
• IKEA e LEGO investem constantemente em suas lojas para mantê-las relevantes:
• IKEA abriu lojas menores em Charlotte e está planejando um novo conceito na 5ª Avenida, adaptando formatos às necessidades de diferentes comunidades.
• LEGO utiliza espaços para storytelling, como uma floricultura feita de blocos em Londres, que cria memórias únicas.
Medindo o sucesso no varejo físico
• O sucesso das lojas não é mais medido apenas por vendas, mas por impacto em pessoas, comunidade e planeta.
• LEGO utiliza métricas relacionadas ao propósito, enquanto IKEA define metas claras antes de avaliar resultados.
A tecnologia como amplificadora
• Tecnologia é uma ferramenta para potencializar experiências existentes, não substituí-las:
• LEGO usa a tecnologia para facilitar o trabalho dos associados, mas mantém o contato humano com seus “brick ambassadors”.
• IKEA explora IA para criar conteúdo e inspirar clientes em projetos de design de interiores.
Personalização como diferencial
• LEGO oferece experiências criativas e personalizadas, como o “Pick and Build Block” e a criação de personagens exclusivos em suas lojas.
• O programa IKEA Family conecta a marca aos momentos mais importantes da vida de seus clientes, como mudanças.
Storytelling: a essência das experiências
• Para ambas as marcas, a narrativa é central. A pergunta que guia suas estratégias é: “Qual história queremos que as pessoas contem sobre nós?”
• IKEA e LEGO veem as lojas como ecossistemas, onde cada elemento da jornada do cliente deve ser cuidadosamente projetado para fortalecer o vínculo com a marca.
WGSN: Tendências e Insights para 2027
Na palestra da WGSN, foram exploradas tendências que moldarão o futuro do consumo até 2027, destacando sociedade, tecnologia, meio ambiente, indústria e criatividade.
Principais ideias exploradas:
Sociedade: “Eu e Nós”
• Conexão humana em foco:
• 23% das pessoas se sentiram solitárias ontem e 66% da geração “Zalpha” (9-14 anos) priorizam conexões presenciais.
• O conceito de “individualidade coletiva” reflete a interdependência entre as necessidades individuais e coletivas.
• Espaços inclusivos e adaptáveis: Criar ambientes que conectem diferentes idades e origens será essencial para combater a solidão e promover conexões significativas.
Tecnologia: “Wise Tech”
• IA como ferramenta ética:
• 27% dos CEOs veem a IA como uma força positiva, mas com preocupações sobre seus impactos.
• O foco está em usar tecnologia para fortalecer conexões humanas e simplificar tarefas pessoais, sem substituir interações reais.
• Exemplo: No Brasil, 10% das pessoas usam assistentes virtuais para lidar com a solidão.
Meio Ambiente: “Clima e Saúde Pública”
• Clima e saúde interligados:
• 56% das pessoas pensam diariamente em mudanças climáticas.
• Sociedades noturnas: Com o aumento das temperaturas, algumas atividades econômicas e agrícolas poderão ser deslocadas para a noite, tornando o trabalho noturno uma realidade para muitas indústrias.
• Produtos duráveis e resiliência: Consumidores esperam inovação em produtos e cadeias de suprimento que resistam a incertezas climáticas.
Indústria: Nostalgia e Simplicidade
• Volta ao passado:
• 34% da Gen Z se sente nostálgica pelos anos 90, apesar de não terem vivido essa época, já que nasceram nos anos 2000. Eles enxergam os anos 90 como um período menos caótico e mais estável.
• Autenticidade em foco: Marcas devem contar histórias reais e criar produtos que respeitem valores culturais e ambientais.
• Exemplo: Hyundai transformou modelos clássicos dos anos 70 e 80 em carros elétricos modernos.
Criatividade: “Play Power”
• O poder do brincar:
• Até 2027, o ato de brincar será um pilar estratégico de bem-estar e inovação.
• Exemplo: ONU instituiu o Dia Internacional do Brincar para reforçar sua importância em tempos de crises.
• Espaços de trabalho lúdicos: Empresas que cultivam criatividade e brincadeiras têm melhor desempenho e colaboradores mais engajados.
6 “Thought Starters” (Pontos de Partida para Reflexão)
1. Facilitar o crescimento de comunidades “kintentional” (intencionais e conectadas).
2. Adaptar-se à convivência confortável com a tecnologia.
3. Considerar os ciclos de vida dos produtos do início ao fim.
4. Equilibrar calma e caos.
5. Priorizar a preservação cultural.
6. Projetar com o brincar em mente.
Conclusão: Storytelling e Nostalgia
Marcas devem contar histórias autênticas que inspirem mudanças positivas, aproveitando a nostalgia não para estagnar no passado, mas para projetar futuros desejáveis e inclusivos.
Kevin Kelley: A importância do espaço físico no varejo
Na NRF 2025, Kevin Kelley, autor de Irreplaceable, destacou como os espaços físicos desempenham um papel essencial na vida humana e no sucesso do varejo. Ele explorou a importância de criar experiências significativas em lojas, indo além de preço, conveniência e variedade.
Principais pontos da palestra:
A qualidade dos espaços importa
• Assim como ar e água, o espaço físico é essencial para a qualidade de vida, mas frequentemente ignorado. “Paramos de questionar a qualidade dos lugares onde vivemos e compramos”, disse Kelley.
• Ele argumentou que estar em um bom lugar é tão fundamental quanto ter recursos naturais de qualidade, algo que o varejo deve levar em consideração.
A força dos sentidos e das emoções
• Kelley afirmou que tudo no corpo humano foi projetado para ser social, e espaços físicos devem reforçar essa conexão.
• Enquanto o comércio online pode ter o monopólio do preço e da conveniência, não pode substituir a alegria, a surpresa e o encantamento que as interações humanas e os ambientes sensoriais proporcionam.
• “Se você quer entender os seres humanos, comece pelos sentidos e depois vá para as emoções.”
O poder das experiências autênticas
• Kelley apresentou exemplos de marcas que usaram o design para comunicar valores e criar experiências memoráveis:
• Mother Dough Bread: A ênfase na qualidade artesanal do pão, feito com massa-mãe, reforçou os valores de autenticidade e excelência da marca.
• Roast Beef Concept: Criar uma história em torno do processo único de assar a própria carne ajudou a diferenciar a marca no mercado.
Lojas físicas como espaços sociais
• O varejo físico não deve competir com o online em preço ou variedade, mas sim oferecer “fogueiras sociais” – lugares que reúnem as pessoas e geram momentos de conexão, alegria e pertencimento.
• A arquitetura das lojas deve refletir os valores da marca e proporcionar um ambiente que vá além do consumo, gerando significado para os consumidores.
Differentiate to deliver
How Sephora is continuing to create the best experience in prestige beauty with Sephora North America President and CEO Artemis Patrick
(Como a Sephora continua a criar a melhor experiência em beleza de prestígio com Sephora América do Norte - Presidente e CEO Artemis Patrick)
Palestrantes:
• Artemis Patrick, President and CEO, Sephora North America
• Kelly Pedersen, Partner, PwC
Sephora está investindo em uma reformulação estratégica de suas lojas físicas para criar experiências mais envolventes e adaptáveis. O novo formato, chamado “future footprint,” incorpora insights detalhados de consumidores e tendências futuras do mercado. A ideia central é garantir que o design das lojas não apenas seja funcional, mas também atenda às expectativas dos clientes e às mudanças no comportamento de compra.
Uma das principais mudanças está na modularidade dos móveis, permitindo que sejam atualizados ou reposicionados com facilidade. O objetivo é evitar altos gastos em estruturas permanentes que podem se tornar obsoletas rapidamente. Artemis Patrick destacou que é essencial equilibrar forma e função, e não gastar “toneladas de dinheiro” em móveis que não agreguem produtividade.
Outros ajustes significativos incluem:
• O beauty studio, agora reposicionado para uma área lateral da loja, oferece maior privacidade para os clientes, que preferem fazer sua maquiagem fora da vitrine principal.
• A iluminação foi aprimorada com foco nas preferências dos consumidores, proporcionando uma experiência mais agradável e funcional.
• Ajustes na área de checkout, refletindo o comportamento dos clientes: atualmente, 25% deles utilizam dispositivos móveis para finalizar compras. Assim, o “snake” tradicional de filas foi redesenhado para ser mais ágil e menos dependente de um fluxo linear.
O novo formato já foi implementado em 111 lojas nos últimos meses, gerando aumento em todos os KPIs – desde transações até produtividade e vendas. Sephora planeja adaptar cerca de 100 lojas por ano em toda a América do Norte, com previsão de conclusão em cinco anos, dependendo da disponibilidade de recursos e contratados.
Outro ponto-chave é o foco na consistência: independentemente de o cliente estar em Boise, Idaho, ou Vancouver Island, a experiência deve ser uniforme. Essa estratégia foi informada por dados extensos e orienta o redesenho das lojas em mercados menores, além de grandes cidades.
A integração entre lojas físicas e digitais também é central para a Sephora. Desde o início, a marca adotou uma abordagem omnichannel, com o digital complementando a experiência física. Além de ferramentas como compra online e retirada em loja, há um foco em assegurar que os beauty advisors estejam bem treinados para atender tanto clientes digitais quanto presenciais, promovendo interações personalizadas e valiosas.
Por fim, Artemis Patrick reforçou a importância de alinhar estratégias de design e operação ao comportamento do consumidor, criando espaços que não só impressionem visualmente, mas também atendam às necessidades práticas e emocionais de seus clientes.

Créditos ao conteúdo em resumos: Juliana Neves, Kube Arquitetura.

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Edição 2 - Setembro 2024
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